Cultura e criatividade no Brasil em tempos de COVID-19: Solidariedade e vidas
Palavras-chave:
covid-19, cultura, solidariedade, cidadaniaResumo
A pandemia do COVID-19 desestabilizou o mundo de forma multidimensional. Vivenciamos transformações irreversíveis na sociedade e mudanças comportamentais em nossas atitudes diárias. O mundo passou da globalização ao isolamento, mas também do egocentrismo a um enfoque mais humanista. A desigualdade ficou mais visível, mas o senso de solidariedade e cidadania ressurgiram e as pessoas foram motivadas a fazer melhor, se engajar e agir. Os impactos econômicos, sociais e culturais da pandemia serão de longo alcance. Mas neste cenário controverso a cultura, a criatividade e a conectividade se tornaram a espinha dorsal da sociedade; mantendo unidas pessoas que estão fisicamente separadas. No Brasil, mesmo se políticas culturais de enfrentamento à pandemia tenham sido implementadas, o setor cultural e às indústrias criativas sem atividade cotidiana tiveram que se reinventar para sobreviver. Paradoxalmente, o consumo cultural online e a produção criativa aumentaram durante a pandemia. A música liderou com um modelo inovador calcado nos concertos ao vivo, as empresas de teatro produziram peças para apresentações na web sem plateia. Os cinemas drive-in ressurgiram. Festivais virtuais de curta-metragem atraíram um novo público. E-livros e uma nova geração de videogames se beneficiaram da forte demanda. Leilões on-line de arte visual e a arte de rua despertaram os amantes da cultura, e a audiência da TV aumentou graças a repetições de novelas antigas. O momento presente está sendo um grande desafio e o futuro é incerto, mas a arte e a cultura sempre encontrarão seu caminho na sociedade contemporânea.
NOTA: Ensaio baseado na publicação da autora no blog do Centro de Políticas e Evidências das Indústrias Criativas (PEC) liderado pelo Fundo Nacional para Ciência, Tecnologia e Artes do Reino Unido (NESTA): https://pec.ac.uk/